sábado, 19 de março de 2011

o vigilante

Como minha cabeça dói. Mal consigo enxergar... Maldita vista embaçada. Por que tenho dificuldades para respirar? O que aconteceu que fiquei assim...? Acho que dessa vez extrapolei um pouco. Gosto adocicado na boca. Parece sangue. Meu sangue.

Droga, meu coração voltou a acelerar. Concentre, conte os segundos, tente acalmar a respiração.

Tanta coisa eu já fiz, tantas situações que já passei. Mas agora isso. Aqui, andando com dificuldade sem conseguir chamar ajuda – que ajuda? -, tendo como inimigo meu próprio corpo.

Nessas horas que minha mente trabalha melhor – risos -. Vem como uma espada atravessando o peito, mostrando meus erros, mostrando minhas perdas. Sufocando-me, cuspindo no meu rosto, mostrando as pedras mal jogadas, as estratégias mal elaboradas. Mostrando minhas fraquezas.

Sigo pela noite, andando pelos telhados, seguindo seus passos à distância. Essa doença está começando a me prejudicar. Não tenho tanta rapidez como antes. Temo não ter forças quando precisar das mesmas. Temo não conseguir te proteger.

Sigo você como um cão protetor. Vejo você ali parada, sorrindo com as amigas, feliz. Fico distante para não ser visto, olhando ao redor, atento a tudo. Distraí minha mente, me perdi em seu sorriso. Senti minha alma em paz; desacostumada, ficando por instantes sem reconhecer o que é esse estado de espírito.

Proteção. Eu e minha mania de proteção.

Acabei me distanciando. Culpa da droga manipulada. Óbvio. Acabei vendo sua alegria e percebendo que minha presença não mais possuía valor. Vi minha fraqueza pisando em meu orgulho. Vi que não conseguia cuidar de você. Nunca soube se você queria mesmo meu cuidado ou se queria apenas minha companhia.

Todos nós temos inimigos, e o meu maior inimigo sou eu mesmo.

“A árvore quando está sendo cortada observa com tristeza que o cabo do machado é de madeira” – ditado árabe.

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