terça-feira, 21 de dezembro de 2010

normalidades

Mas então, o que seria o normal?

Algo de acordo com a norma, com a regra; comum; que é como os outros.

Como definir padrão comportamental, psicológico ou morfológico de uma pessoa a partir da qualificação – normal – se não há regras imutáveis para a formação de tais aspectos?

Um ser humano possui suas qualidades físicas definidas a partir de um seqüencial genético e adaptativo, e sua estruturação comportamental e psicológica por absorção de informações do meio em que vive.

Porém é óbvio que experiências são únicas e a capacidade de absorver informações em um dado momento é pessoal. Dois indivíduos reagem de forma diferente ao se depararem com a mesma situação, pois os pontos de vista são diferentes.

A definição do normal torna-se complicada ao analisarmos o homem, então, a fim de resolver esse problema, cria-se um campo de flexibilidade em cima das “regras” que ditam a sociedade. Um ser humano que se aproxima da linha aceitável de normalidade é tido como normal.

A tal linha aceitável de normalidade é um parâmetro subjetivo e variável, pois é definida a partir de julgamentos de um alguém que, por sua vez, não os faz taxados em regras, e sim em opiniões.

Sendo assim, a qualificação – normal – torna-se passível de discórdia uma vez que os parâmetros para tal são no mínimo questionáveis.

Então, por definição, uma pessoa normal não existe.

segunda-feira, 13 de dezembro de 2010

Eu vejo

Vejo sua sombra entre a multidão.
Sinto o seu cheiro, você está por perto... eu sei.

Ouço seu choro toda noite. A freqüência está aumentando.
Percebo sua dificuldade de respirar mas sei que não dará o braço a torcer.
Quero ver dentro de seus olhos novamente.

Não se esconda.

Apareça.

terça-feira, 7 de dezembro de 2010

A viagem

Estava cansado, muito cansado. Deitei para tentar reduzir meu batimento cardíaco, para tentar reduzir a velocidade dos meus pensamentos.
Fui me acalmando e conseguindo finalmente um pequeno instante de paz.
Lembrei de meu pai, que viajaria no dia seguinte. Não sei por quê. Na hora não pensava em nada, e me veio essa lembrança.
De repente senti uma dor no peito como a de um punhal atravessando meu pulmão, e me vi em uma estrada em pé no meio do nada. Não consegui ver de onde a estrada vinha e nem para onde ia, mas pude ver meu pai passando de carro e um cão extremamente agressivo mordendo o pneu do carro, rasgando o mesmo com tamanha facilidade, e o carro capotando várias vezes.
Me assustei e me vi novamente dentro do meu quarto sem saber o que havia acabado de acontecer.
Pedi novamente ajuda para a Luz mas me perdi novamente com um grito demoníaco estalado em meus ouvidos.
Me vi novamente na estrada, mas agora com o cão em pé na minha frente.
Temi, mas mesmo assim olhei dentro dos olhos dele quando se aproximava lentamente como a anteceder um ataque. Seus olhos vermelhos minavam ódio. Escorria sangue negro de sua boca. Ao chegar mais perto de mim reparei que a besta era quase o dobro do meu tamanho e que estava prestes a me destruir.
Abaixou um pouco olhando dentro dos meus olhos e perguntou: Quem é você que tenta me atrapalhar?
Não conseguia me mexer, estava parado sem reação, com a certeza clara da morte, mas mesmo assim respondi - sou o filho, e você não vai fazer mais nada a partir de agora.
O demônio urrou com grande força e o ódio exalado foi ainda maior. Veio em minha direção mas não tocou em um fio de cabelo meu. Parecia que algo o impedia como se houvesse um campo de proteção ao meu redor. Chamei a Luz novamente e isso o fez ficar ainda mais agitado. Urrou e ensaiou investidas contra mim, mas logo depois se virou e se pôs novamente em quatro patas e entrou em direção à escuridão.
Logo em seguida me vi novamente dentro do quarto. Vi imagens em minha mente do que acabara de acontecer.
Depois disso foi ainda mais difícil acalmar meus pensamentos e ter paz novamente.