domingo, 29 de maio de 2011

O Teatro

O teatro lúdico! Cadeira em jacarandá revestido. Tecido manchado e rasgado. Trilhas artísticas de cupim faminto. Hora de o louco homem anunciar o início da peça! Pó branco mal aplicado em apenas um dos lados do rosto caindo e sujando o smoking que aparentemente o acompanha por vários anos. Imagino que no camarim não tenha espelhos. Impaciente, minha mão transpira e mancha o apoio de braço da cadeira. Sinto uma tábua solta sob meus pés. O ator começa a entrar arrastando uma das pernas como se não já contasse mais com a ajuda da mesma. A música se inicia. Som de vitrola. O ator chega ao centro do palco. Olho para os lados e vejo que nessa noite a casa está vazia. Na verdade bem vazia. Somente eu na platéia e bem ao fundo uma velha senhora com as marcas do tempo expostas em sua postura. A iluminação do palco é ruim, mas mesmo assim consigo reparar uma grande semelhança fisionômica com o ator. Isso gerou um certo mal-estar. Procuro novamente a velha, mas ela já não se encontra mais. Sou eu... O ator sou eu! Olho para o chão e vejo a velha deitada próximo a mim com uma estranha lâmina na mão. Tirara sangue em minha perna. O ator começa a recitar histórias passadas. Começa a contar minha vida, desde a infância até os dias de hoje. Tento sair do local, mas o corte da perna me prejudica. A velha acertou um tendão. Sinto o sangue descer. Muita dor. O ator caminha focando o olhar em mim como a exigir mais atenção. Desprezo. Conta histórias aumentando um pouco mais o tom de voz. Desprezo. Caminho para o corredor central. Minha perna não obedece e começo sentir a necessidade de arrastá-la. Lembro da velha. Maldita velha! Por que esqueci dela? Continuo caminhando. O ator começa a contar histórias que desconheço. Isso me assusta ainda mais. O contexto e as pessoas envolvidas eu conhecia. Não conhecia a história, pois ainda não havia vivenciado as mesmas. Eram histórias que estavam por acontecer. Assustado, olho para o ator e vejo que ele não está como antes. Está agora em uma cadeira de rodas, tossindo, fraco, me encarando e sorrindo. Sujo, mal arrumado. Magro. Aquilo me assusta. Vejo que na minha mão existe uma arma. Não tenho armas. O ator continua contando as histórias. Vi a velha ao lado do ator. Com uma lâmina aparentemente cega ela tenta rasgar a perna do ator tentando gerar um corte mais profundo. O ator apenas sorri dando para ver a dor que sente. Mas ele não para de contar histórias. Chego próximo do palco. Ouço a respiração da velha. Ainda não estou tão perto para isso. Aquela situação começa a me enlouquecer. O ator volta a recitar em um tom de voz mais alto intercalado risadas insanas. Minhas histórias? Que se dane! Descarreguei o tambor de munição no peito do ator. Fiz calar. A velha se assustou e recuou. Não pensei em matar a velha. Não sei por qual motivo. As paredes do teatro começaram a se rasgar. Eram de papel. As cadeiras se desmancharam. Também eram de papel. Minha perna ainda dói. Não consigo lembrar das histórias contadas pelo ator. Fui embora. Caminhei arrastando minha perna como se não já contasse mais com a ajuda da mesma.

domingo, 1 de maio de 2011

Maya

Maio, quinto mês do calendário gregoriano. O seu nome é derivado da deusa romana Bona Dea. Outros preferem dizer que a origem se deve à deusa grega Maya.

Maya na mitologia grega era uma ninfa, e à ela era consagrado o dia 15 de maio.

Ela é deusa da fecundidade, e da projeção da energia vital, e também era a ninfa que personificava os lugares frios.

Na mitologia romana, Maya era identificada como Maya Maiestas (também chamada de Bona Dea (a "Boa Deusa")).

À Maya, maio. À Bona Dea, o dia 15 de maio. A todos, apenas mais um dia de mais um mês.

“... o pra sempre.”