sexta-feira, 19 de agosto de 2011

Esperança

E se punha em pé logo no início do dia, quando o sol ainda decidia nascer ou não. Caminhava de forma apressada para a varanda da frente de sua casa e fixava seus olhos esperançosos no horizonte, bem no fim da estrada, tentando ver alem do que suas vistas cansadas o permitiam. Apresentava, sem notar, um sorriso discreto e uma inspirada como a encher os pulmões preparando-os para um forte grito de alegria. Ficava ali focado, sem respirar, sem se mexer, por breves e longos segundos. Depois de um tempo percebia que não havia movimentação alguma, nada diferente em relação às últimas décadas. Ninguém chegando. Ela não estava voltando pra casa. Um ar frio cobria seu corpo. Um suspiro. Depois disso se voltava para dentro da casa.

Já havia perdido a conta de quantos dias, semanas, anos ou décadas repetia a mesma rotina. Não sabia mais como ela estava, mas tinha certeza e uma perfeita visão de como ela era. Lembrava até do perfume que usava.

Diziam que a Loucura havia se apoderado daquele homem.

O interessante é que em todas as vezes, literalmente em todas as vezes, quando via que ela não vinha e se voltava para dentro da casa, o homem nunca hesitava em parar e olhar uma segunda vez para o fim da estrada. E sempre sorria novamente.

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